sexta-feira, 13 de março de 2009

Não há justificativa para mentira

Uma menina de 9 anos, voltou da escola muito intrigada. Antes mesmo que a mãe servisse o seu lanche, soltou a pergunta:
– Mãe, você sempre nos ensinou que o diabo é o pai da mentira; que a gente nunca deve mentir em hipótese alguma, estou certa?
– Certíssima, minha filha.
– É, mas hoje a minha professora disse que há ocasiões em que a mentira é necessária e pode ter até um fim nobre.
– Ela citou algum exemplo?
– Citou vários: O médico sabe que o doente vai morrer, mas tem que mentir para não agravar o estado do paciente; é a chamada mentira piedosa; o assassino armado está procurando sua vítima, você sabe onde ela está, mas tem que mentir para salvar uma vida; é a mentira salvadora; ela citou até um caso da Bíblia; disse que Deus usou a mentira de Raabe para salvar a vida dos espias e tornar possível a conquista de Jericó; foi uma mentira de nobre fim –, disse ela.
A mãe da menina, mulher sábia e cristã, respondeu: Em nenhum desses casos a mentira se justifica diante de Deus. Se uma mentira como uma dessas se justificasse, então, todas as mentiras seriam justificáveis. A Bíblia diz: “Não mintais uns aos outros” e diz que o pai da mentira é o diabo, sem especificar de que tipo de mentira ele é o pai.
Deus não usou nem precisava usar a mentira de Abraão diante de Faraó para salvar a vida de Sara e cumprir sua promessa. Deus tinha como preservar a vida de Sara sem a mentira de Abraão. Deus não precisava da mentira de Jacó e Rebeca, para canalizar através de Jacó a linhagem messiânica. Deus não precisava da mentira de Raabe para impedir a morte dos dois espias, nem para derrubar os muros de Jericó. Deus usou as pessoas, apesar das mentiras que pronunciaram, por causa da sua misericórdia e jamais por ser conivente com a mentira. Em Tito 1.2 lemos que Deus “não pode mentir” e em 1João 2.21 está escrito que nenhuma mentira pode proceder da verdade. O profeta Balaão já sabia que “Deus não é homem para mentir”. Afirmar que em algum momento Deus mandou mentir ou aprovou a mentira é atribuir a Deus o caráter de satanás. Veja em Atos 5.3-5 que a mentira traz como resultado a morte da paz e até a morte física.
Uma das questões mais sérias no campo da ética hoje é a tentativa de relativizar a ética e a moral. Uma das táticas usadas para esse fim é apresentar exemplos extremos, raros e até inverossímeis a fim de generalizar a aceitação da mentira. A verdade é uma virtude absoluta, tanto como atributo eterno de Deus, quanto como exigência de Deus para o comportamento do homem.
Uma estranha variante da relativização de ética e da moral tem aparecido em autores recentes que fazem distinção entre ideal moral e realidade moral. O indivíduo vive na ilegalidade, mas tem como ideal, quando possível, legalizar sua situação. A ilegalidade atual seria justificada pela disposição de consertar a situação no futuro. É a ética ideal dissociada da ética real, como se isso fosse possível. A fidelidade a Deus implica um comportamento ético conforme a Palavra de Deus. Deus abençoa o crente fiel, mas o crente infiel não pode desfrutar da paz de Deus onde quer que esteja. Melhor é andar na lei, dentro dos princípios éticos da Palavra de Deus do que usufruir dos benefícios materiais de um comportamento antiético.
– Filha – disse a mãe segurando ambas as mãos de Lucimara e olhando dentro dos seus olhos –, mentir, nunca, seja qual for o motivo. Falar a verdade, sempre, sejam quais forem as consequências, ainda que custe a própria vida.
Isso é ética, a ética de Jesus, a ética do Calvário, que Deus deseja que pratiquemos.
Adaptado do texto de João Falcão Sobrinho (O Jortnal Batista - 03/03/2009)

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